quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Ingratidão inocente

Eles não sabem como são ingratos e por isso tento não me ofender, ou melhor, tento não entristecer.
No fundo, não sabem o que é estar deste lado, o que é perder 8 horas por cada 45 minutos que passo com eles, o puxar pela cabeça para encontrar motivos de interesse, de empenho, de boa disposição. Não sabem que eu não tinha de o fazer, não sabem que ninguém me dá nada por fazê-lo. Não sabem que estar com eles me tira tempo, me tira disponibilidade mental, me cansa e, assim, me desconcentra da tese de mestrado.
Mais: não sabem o que é sentir que aquilo que eu mais gosto de fazer me deixou triste, me deixou agastado, desconfiado. E não sabem que me fazem duvidar se eu gosto realmente de fazer aquilo que mais gosto de fazer.
Mas não consigo deixar de ficar triste e desiludido. Porque eu sei que nunca faria o que eles fazem.
Valem-me os outros, que são a maioria, que gostam, que se interessam, que vivem, que perguntam, que sorriem, que são educados, que me respeitam.
Serve para eu perceber, de uma vez por todas, que não é possível dar-me bem com todos. Que há quem goste e quem não goste.

3 comentários:

John disse...

Conheço umas pessoas que te podem ajudar a tratar ou a educar os "outros".

Marta disse...

Tens que pensar nos outros que gostam, valorizam e te fazem sentir bem,... E deves, "fundamentalmente e com tranquilidade" sentir-te bem contigo!!! Fazes mais do que te é pedido e só o fazes por eles,... O mundo está cheio de injustiças e de ingratos,... Não podemos deixar que esses nos mudem de tal forma que, de um momento para o outro, e com o coração amargo e cheio de tristeza, reparamos que estamos a castigar os que gostam, valorizam e nos fazem sentir bem. Isso também não é justo...

Adoro-te!!
Beijinhos

eradumvelhinho disse...

Uiiii. Injustiças são às centenas.
Segue, segue, segue. Deixa as ervas daninhas crescerem e andarem à solta. As árvores e as flores darão conta do recado. Todos fossem assim como tu e as coisas seriam diferentes.