quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Há argumentos irritantes

Até há alguns argumentos dos que querem liberalizar o aborto que eu compreendo, e só não aceito porque o pressuposto de que parto é diferente, sendo que do ponto de partida que me parece legítimo (não se trata só do corpo da mulher mas de outra vida em formação), não há liberdade individual nenhuma que possa permitir o acto abortivo.
Mas confesso que dá cabo de mim a falsidade, hipocrisia e demagogia de outros argumentos. O último foi o da Sra. Dra. Edite Estrela:

"No passado sábado, em comício do PS, Edite Estrela presenteou-nos com uma dessas pérolas. Na sua infinita sabedoria, os países mais desenvolvidos teriam as leis do aborto mais permissivas, enquanto os mais pobres, como Malta, Irlanda e Portugal, teriam, pelo contrário, as mais restritivas.
Eu talvez lembrasse que o aborto a pedido é totalmente livre até às 28 semanas na China e até às 22 na Rússia (que, de resto, inspirou leis semelhantes a quase todos os ex-vizinhos comunistas, da Eslováquia ao Cazaquistão). E talvez não considerasse a Irlanda um país pobre, tendo em conta os emigrantes de Leste que para lá vão. E talvez não pensasse que, ao lado da Albânia do aborto livre até ás 12 semanas, Malta ou Portugal estejam assim tão longe da civilização.
Mas isso sou eu, e eu não interesso nada. O que interessa é que a dra. Edite Estrela descobriu a causa da riqueza das nações, o maior problema da ciência económica desde Adam Smith e Max Weber. Qual mão invisível, qual ética puritana - o verdadeiro factor de desenvolvimento é o aborto!
Depois de tal revelação, só nos resta esperar que a dra. Edite Estrela e o PS, que a pôs a dizer estas coisas, emigrem para o Azerbaijão, a conhecida Suíça da Ásia central."

Pedro Picoito, Blogue do Não

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